segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Gota e Semente , Vida Eminente

Juan Arcanjo



"Uma gota cai
E um milhão a acompanha
A semente da terra sai
E como muda se extende
Sobre a terra caliente
Sobre a água refrescante.
E ela cresce se transforma
Toma corpo, toma forma
Se esguia o quanto pode
em busca da luz do sol
Cresce forte e errante
Frondosa e exuberante
Robusta e esplendorosa
E a muda vira árvore
E a árvore trás a sombra
Trás as flores e os frutos
Alimenta a quem tem fome
Sua beleza atinge ao homem
Sua ternura abriga a vida
Desde a pequena formiga
Aos filhotes do passarinho
Que depositam seu ninho
Em cima dos fortes galhos
Braços rijos poderosos
Que carregam vitoriosos
A beleza e a vida.
Suas folhas aos vãos preenchem
Dos raios do sol que se extendem
Levando suas sombras ao chão
Trazendo a refrescante brisa
A quem em seu solo pisa,
Senta e descansa em seu rincão."

Beleza Noturna - Pinguinhos de luzes no céu


Juan Arcanjo


"E a noite vem!
E com ela vem uma imensidão de luzes
Artificiais, monotonas, amareladas
Enquanto as belas luzes
Aquelas que realmente importam
Estão invisíveis aos nossos olhos
Cobertas pela grossa artificialidade
Que roubam o brilho das estrelas
E nos deixam a mercê de um mundo sem graça.

Afinal de contas qual é a graça de se olhar pro céu
E ver uma imensa escuridão formada pela ausência de permissão
Permissão, sim!
Não nos é permitido ver além,
A nossa atmosfera termina acima dos postes de eletricidade
Ali se dá o fim do mundo
A expansão não existe
O infinito se extende pelas laterais
Nos quatro pontos cardeais, primordiais
Porém o céu é uma fábula,
É conto da carochinha
É mito ou lenda urbana.

Quando viajamos pra uma fazenda
Nos assustamos com a imensidão do céu
E com a força luminosa das estrelas
Pinguinhos de luzes no céu
A noite na fazenda permite-nos fazer inúmeros pedidos
Já que as estrelas cadentes não param de cair
A lua mesmo majestosa não é capaz de apagar essa luz
Que astros e estrelas emitem
E que só quem vive ali é capaz de ver e agradecer
A imensidão que receberam de herança
Uma herança verdadeira, linda
O maior de todos os presentes
A imensidão! O vislumbre!

Nada paga a cara das crianças ao verem o céu cheio de estrelas
O susto do primeiro instante
A alegria no movimento das luzes
Os pedidos mais cadentes
É uma sensação que não tem preço
E que só mesmo uma criança
Pode reconhecer com tamanha emoção
A beleza de um céu estrelado

Luzes que se acendem
Luzes que se apagam
Tudo se dá a anos-luz daqui
E as vezes nas luzes mais brilhantes
Nas estrelas que mais se destacam
Vemos e apreciamos na verdade
O seu derradeiro fim
Coisas que só num dado momento
Somos capazes de apreciar
Alegria ínfima e banal para muitos
Felicidade extrema para os poucos
Que sabem reconhecer nas luzes noturnas
Mas um motivo de alegria e esperança
Na concretização de um mundo
Cada vez melhor e mais consciente."